Bloco: Como um time interno de inovação se tornou uma startup do mercado imobiliário

Publicado em 16/12/2019
Bloco: Como um time interno de inovação se tornou uma startup do mercado imobiliário

Desenvolvido a partir de um projeto de transformação digital de uma companhia tradicional, o Bloco nasce como um hub para apoiar a inovação em outras empresas do setor. Na foto, a equipe: Pedro Simon, Ana Paula Machado e Pedro Catini. / Foto: Divulgação

Levar um pensamento diferente à gestão e estimular projetos de inovação a uma empresa sexagenária do mercado imobiliário. Este era o desafio primordial da Brognoli Imóveis ao ingressar, em 2017, no programa de inovação aberta LinkLab, que havia sido recém-criado pela Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), em Florianópolis.

Pouco mais de dois anos depois, o time de inovação criado pela empresa para se conectar com startups e desenvolver em conjunto novos produtos e serviços se tornou ele próprio uma startup. Apresentado ao mercado em meados deste ano, durante o Startup Summit, o Bloco é o resultado da maturidade de um projeto de inovação corporativa que, ao resolver algumas demandas internas, também gerou interesse de outros players do setor de construção civil e imobiliário.

“É uma iniciativa B2B, que ajuda outras empresas a entenderem seu nível de maturidade digital e a partir disso projeta soluções, em conexão com o ecossistema de tecnologia”, explica Eduardo Barbosa, CEO da Brognoli Imóveis, que está à frente do projeto de inovação aberta no LinkLab desde o início.

E não se trata da única spin-off da Brognoli do programa de inovação aberta. Em paralelo, foi desenvolvida uma empresa de tecnologia para o mercado imobiliário, a Woliver, na qual outras imobiliárias podem desenvolver ambientes digitais de serviço e que já conta com uma equipe de 20 pessoas, a maioria formada por desenvolvedores e designers.

O Bloco hoje conta com um braço de consultoria e novas iniciativas, somando 13 clientes entre incorporadoras, imobiliárias e profissionais como arquitetos e outros empreendedores. “É uma cadeia que tem as mesmas dores, produtos financeiros, formas de locação alternativa, além da necessidade de conexão com startups”, avalia Pedro Catini, product owner no Bloco, egresso do time interno de inovação da Brognoli.

“Criar spin-offs seria impensável há alguns anos, quando a empresa chegou ao LinkLab”, comenta Silvio Kotujansky, vice-presidente de Mercado da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) e idealizador do programa de inovação aberta, que hoje tem outras unidades em São José e Joinville. “Naquele momento, a Brognoli tinha um market share considerável em um mercado tradicional, mas estava literalmente no estágio zero de inovação. Das 30 corporates que estão no programa, foi a que mais evoluiu desde o momento em que entrou”, ressalta Silvio.

A “receita” passou por uma presença intensiva da alta direção no espaço, que permitiu uma conexão direta com as startups, “de peito aberto para conversar com empreendedores e com interesse real no investimento em novos modelos de negócio. É preciso estar vivendo o ambiente de inovação, criar maturidade, para ousar e fazer bem feito”.

UMA STARTUP PARA O MERCADO – E PARA CRIAR OUTRAS STARTUPS

A proposta de valor do Bloco para o setor imobiliário e da construção civil acabou servindo também para criação de novos projetos e startups. É o caso do advogado e empreendedor Rodrigo de Andrade, que conheceu a iniciativa em uma palestra no Startup Summit 2019 e, nos últimos três meses, desenvolveu com o apoio do Bloco o planejamento e estudos de mercado para uma startup que ele pretende lançar no ano que vem. Trata-se de uma plataforma com inteligência artificial para auxiliar incorporadoras na análise e criação de empreendimentos, “tanto no potencial do local em que será feita a construção, à tipologia do imóvel e que pode também atuar com crowdfunding imobiliário”, explica Rodrigo.

Como ele destaca, o Bloco “ajudou a montar todo o modelo de negócio, estratégia de atuação e custo de investimento para desenvolver tecnologia. Fizeram pesquisas de mercado para subsidiar para ver se a ideia tem viabilidade financeira e mercadológica. O trabalho foi fantástico, com uma equipe muito comprometida”, avalia.

Espaço de conexões: “É preciso estar vivendo o ambiente de inovação, criar maturidade, para ousar e fazer bem feito”, comenta Silvio Kotujansky, VP da Acate e um dos idealizadores do programa de inovação aberta LinkLab. / Foto: Divulgação

EVOLUÇÃO “TEMPORADA A TEMPORADA”

O primeiro time da Brognoli que participou do projeto no LinkLab tinha foco em pesquisas de mercado e reconhecimento das oportunidades no setor de tecnologia. Em seguida, ouviam dos gestores quais eram os desafios internos mais importantes – e voltavam ao ecossistema para ver a possibilidade de match com as startups selecionadas.

“Desde o começo, a intenção era criar uma célula externa que olhasse para o mercado, promovendo a inovação aberta e levando novas soluções pra dentro de casa”, lembra Pedro. “Os objetivos sempre foram um olhar sobre a transformação digital e a melhoria no portfólio. Com o tempo fomos pensando: vamos desenvolver novos produtos, atender novos mercados?”

Em 2018, com uma equipe de inovação ampliada e uma experiência inicial no contato com as startups, começaram a vir os matches, com vários resultados lançados ao longo de 2019: em março, a empresa anunciou uma parceria com a Terraz Imóveis que criou a primeira imobiliária totalmente digital em Santa Catarina; além disso, desenvolveu em conjunto com outras startups uma série de aplicações para melhorar a experiência do cliente com uso de dados. E tem estimulado outras startups a ampliarem seu portfólio, como a validação de um marketplace de academias e centros de saúde, com descontos na mensalidade aos funcionários da empresa, oferecido pela GoGood, healthtech que foi uma das primeiras parceiras da Brognoli no LinkLab.

“Ao longo do tempo, alguns parceiros do mercado começaram a ver esse trabalho do time de inovação e nos demandavam alguns projetos. Havia mercado”, ressalta Ana Paula Machado, responsável pela Comunicação no Bloco. Porém, “era um mercado diferente, corporativo e estávamos nos comunicando de maneira muito diferente em relação ao B2C da imobiliária. Por isso, fazia sentido nos desprendermos como marca e nos posicionarmos como um hub de agentes do ecossistema de inovação para o mercado imobiliário“.

E vem em um momento de otimismo econômico. De acordo com o IBGE, o segmento de construção civil cresceu 4,4% no terceiro trimestre de 2019 em comparação com o mesmo período do ano passado. Foi o melhor desempenho registrado desde o primeiro trimestre de 2014. “O mercado de construtechsproptechs e real state techs já está aquecido, houve uma explosão há uns dois anos. E as empresas que já demonstraram apetite por inovação já estão fazendo muito bem, evoluindo o setor”, opina.

Conteúdo produzido pela SC Inova.